Empresas do sector de energias renováveis treinadas para a promoção da igualdade de género no sector

No âmbito da implementação do programa BRILHO, a SNV – Organização Holandesa de Desenvolvimento em parceria com a TechnoServe, através do programa WIN, e com o financimento dos Governos do Reino Unido e da Suécia, realizaram um treinamento sobre ferramentas e estratégias para a promoção da igualdade de género nas empresas beneficiárias do programa BRILHO.

O treinamento decorreu na cidade de Maputo nos meses de Agosto e Setembro, abrangeu quinze empresas e durante três dias, foram abordados temas como: conceitos de igualdade e equidade de género; relevância da desagregação e análise dos dados por sexo, preconceitos de género e como eles podem ser abordados dentro das empresas desde o processo de recrutamento, selecção, retenção, desenvolvimento profissional até a liderança; Estratégias para a elaboração de políticas de género dentro das empresas e respectivas vantagens.

A iniciativa insere-se no programa BRILHO que visa apoiar as empresas a crescerem financeiramente através de várias intervenções que incluem a integração de mulheres no sector como colaboradoras e liderando negócios na cadeia de valores, bem como aumentar número de mulheres com acesso e uso (doméstico e produtivo) das soluções modernas de energia nas comunidades fora da cobertura de rede eléctrica nacional.

`As empresas foram receptivas aos conteúdos do treinamento e ficou claro que ainda existe um grande caminho a percorrer, pois no sector de energia temos um grande desafio na igualdade de género. É notável que há um défice de mulheres nas empresas do sector energético e as poucas que existem estão mais na área de vendas ou administração, mas acredito que com esta abordagem do BRILHO este cenário poderá ser revertido em breve`- Taciana Tomé, facilitadora do treinamento

Os participantes referiram que parte das razões da exclusão da mulher e outros grupos menos favorecidos tem haver com as áreas onde eles operam e principalmente das abordagens no recrutamento e selecção que não são inclusivos nem sensíveis ao género.

`Nós já tínhamos identificado que para as áreas rurais onde operamos é complicado olhar para este aspecto de igualdade de género, primeiro porque não tínhamos conhecimentos destas ferramentas, mas principalmente por questões culturais. Com este treinamento com certeza estamos em condições de desenhar algumas estratégias para ver se conseguimos ser inclusivos nesta questão de género. ´- Sofia Nazaré Administrativa de Recursos Humanos na Ignite.

Por outro lado, o director geral da YAZU referiu que durante a treinamento ficou claro que a mulher tem tido muito mais barreiras para entrar no mercado de trabalho no sector enérgico e é necessário empoderar estas mulheres pois existem muitos benefícios não só para as empresas, mas principalmente para a sociedade.

`Na YAZU cerca de 70% são mulheres, mas infelizmente temos um número muito reduzida na tomada de decisão e estando aqui ficou claro que preciso mudar dentro da minha organização e iremos capacitar mais mulheres e principalmente criar uma política de género que seja inclusiva tanto para homens quanto para mulheres´- Hélder Mungoi, Director Geral da YAZU.

A participação da mulher na força de trabalho global é benéfica para o crescimento económico e se fosse semelhante à dos homens, estas poderiam contribuir em cerca de 28 trilhões de dólares para o PIB anual global.[1] A participação das mulheres nas empresas do sector de energia garante a distribuição socialmente justa das oportunidades socio-económicas da transição energética global e que as perspetivas, habilidades e os talentos dos homens e das mulheres sejam articuladas dentro da empresa, contribuindo para o aumento da produtividade[2].

Em África, as mulheres representam um papel mínimo na indústria energética, sendo que apenas 21% compõe a força de trabalho geral nas concessionárias de energia. Destas, 15% trabalha em cargos administrativos e apenas 6% ocupa cargos técnicos.[3]

Em Moçambique, a falta de dados gerais desagregados por sexo no sector de energia dificulta a monitoria da contribuição das mulheres e do progresso em direção à igualdade de género no sétimo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável.

Com este ciclo de treinamentos, espera-se que até o final de 2024, as empresas que operam nas zonas fora da rede eléctrica nacional possam crescer economicamente e desafiem os estereótipos e as barreiras de género, integrando mais mulheres como colaboradoras, aumentando a liderança feminina nos negócios e influenciando a tomada de decisões no sector de energia.

BRILHO: Impulsionamos Empresas, Iluminamos Vida.

[1] Woetzel, J. et al (2015). The power of parity: How advancing women’s equality can add $28 trillion to global growth.

[2] knowledge center - Energia | Energia

[3] https://www.forbesafricalusofona.com